4.26.2006

Cocaína


Definição de Cocaína
A cocaína é uma substância que estimula fortemente o sistema nervoso central e é extraída de uma planta chamada Erytroxylon coca ou simplesmente coca.


História
A folha de coca (cujo consumo mesmo se em grandes quantidades, leva apenas à absorção de uma dose minuscula de cocaína) é usada comprovadamente há mais de 1200 anos pelos povos nativos da América do Sul. Eles a mastigam para ajudar a suportar a fome, a sede e o cansaço, sendo, ainda hoje, consumida legalmente em alguns países (Perú, Bolívia) sob a forma de chá (a absorção do princípio activo, por esta via, é muito baixa). Os Incas e outros povos dos Andes usaram-na certamente, permitindo-lhes trabalhar a altas altitudes, onde a rarefação do ar e o frio tornam o trabalho árduo especialmente díficil. A sua acção anorexiante (supressora da fome) lhes permitia transportar apenas um mínimo de comida durante alguns dias.
Inicialmente os espanhois, constatando o uso quase religioso da planta, nas suas tentativas de converter os índios ao cristianismo, declararam a planta produto do Demónio. Contudo mais tarde a Igreja católica legalizou-a de forma a poder cobrar impostos de 10% sobre o valor do seu cultivo. O seu uso entre os espanhois do novo mundo espalhou-se, sendo as folhas usadas para tratar feridas e ossos partidos ou curar a constipação/resfriado. A coca foi levada para a Europa em 1580.

Efeitos
Há efeitos imediatos, que ocorrem sempre após uma dose moderada; efeitos com grande dose; efeitos tóxicos agudos que têm uma probabilidade significativa de ocorrer após cada dose; efeitos no consumidor crónico, a longo prazo. A cocaína pode causar malformações e atrofia do cérebro e malformações dos membros na criança se usada durante a gravidez. Ela pode ser detectada nos cabelos durante muito tempo após consumo, e o seu uso pela mãe é comprovado desta forma em bébés.

Efeitos Imediatos
Muitos efeitos devem-se à estimulação dos sistemas simpático e dopaminérgicos directamente. A cocaína causa danos cerebrais microscópicos significativos com cada dose. Com o inicio do consumo regular os danos tornam-se irreversiveis. Os seus efeitos imediatos duram 30-40 minutos.

No sistema nervoso central:
Euforia
Sensação de poder, ausência de medo e ansiedade
Agressividade
Excitação física, mental e sexual: efeito s. simpático.

Anorexia (perda do apetite): efeito do sistema simpático.
Insonias
Delírios

Cardiovasculares:
Aumento da força e frequencia cardiacas.
Palpitações (sensação do coração a bater rápido contra o peito): sistema simpático
Hipertensão arterial: s. simpático
Vasoconstrição


Outras:
Urgência de urinação
Tremores: s.simpático
Midriase: dilatação da pupila. Efeito simpático.
Hiperglicémia: efeito simpático.
Saliva grossa. Efeito simpático.

Efeitos em altas doses
Convulsões e depressão neuronal ocorrem com doses mais altas. No entanto a dose exacta que vai causar um tipo de efeito mas não outro num individuo é indeterminavel.
Alucinações
Paranoia geralmente reversível
Taquicardia: s. simpático.
Convulsões.
Depressão do centro neuronal respiratório. Coma. Morte.
Depressão vasomotora.

As overdoses de cocaína são rapidamente fatais. Caracterizam-se por arritmias cardiacas e convulsões epilépticas generalizadas, e depressão respiratória com asfixia. Se a morte não ocorre até 3 horas depois do inicio dos sintomas, o doente deverá recuperar.

Efeitos tóxicos agudos
Estes efeitos podem ocorrer ou não após uma única dose baixa, mas são mais prováveis com o uso continuado e em doses altas:

Arritmias cardiacas: complicação possivelmente fatal.
Trombose coronária com enfarte do miócardio (provoca 25% dos enfartes totais em jovens de 18-45 anos)
Trombose cerebral com AVC.
Outras hemorragias cerebrais devidas à vasocontrição simpática.
Necrose (morte celular) cerebral
Insuficiencia renal
Insuficiencia cardiaca
Hipertermia com coagulação disseminada potencialmente fatal.

Efeitos a longo prazo
Perda de memória
Perda da capacidade de concentração mental
Perda da capacidade analítica.
Falta de ar permanente, trauma pulmonar, dores torácicas
Destruição total do septo nasal (se inalada.
Perda de peso até niveis de desnutrição
Cefaleias (dores de cabeça)
Síncopes (desmaios)
Disturbios dos nervos periféricos ("sensação do corpo ser percorrido por insectos")

A cocaína apresenta fenomeno de tolerância bem definido e de estabelecimento rápido. Para obter os mesmos efeitos o consumidor tem de usar doses cada vez maiores. Provoca danos cerebrais extensos ao fim de apenas alguns anos de consumo. A cocaína não tem síndrome físico bem delimitado (como por exemplo o da heroína), no entanto os efeitos da sua privação não são subjectivos. Após consumo de apenas alguns dias, há universalmente: depressão, muitas vezes profunda, disforia (ansiedade e mal estar), deterioração das funções motoras, elevada perda da capacidade de aprendizagem, com perda de comportamentos aprendidos. O sindrome psicológico da cocaína é extremamente poderoso. Está comprovado em estudos epidemiológicos que a cocaína é muito mais viciante que a cannabis, o alcool ou o tabaco. A longo prazo (alguns anos) ocorrem invariavelmente múltiplas hemorragias cerebrais com morte extensa de neurónios e perda progressiva das funções intelectuais superiores. são comuns síndromes psiquiátricos como esquizofrenia e depressão profunda unipolar.

Proibição
Apesar do entusiasmo, os efeitos negativos da cocaína acabaram por ser descobertos. Com o uso da cocaína pelas classes baixas e, nos EUA pelos afro-americanos, acabou por assustar as classes altas a um extremo que o seu óbvio potencial de dependência e graves problemas para a saúde nunca levaram. Os alertas racistas no sul dos EUA sobre os "ataques a mulheres brancas do Sul que são o resultado directo do cérebro enlouquecido por cocaína do negro" como se exprimiu um farmacêutico proeminente, acabaram por resultar na regulação e depois proibição da substância.